sexta-feira, 12 de novembro de 2010

«PÁTRIA»


O ultrajante ultimato inglês de 1890 (por causa do chamado ‘mapa cor-de-rosa’) fez levantar no nosso país uma verdadeira onda de indignação. E concorreu para que, em todas as partes do território nacional (mas também no Brasil) se lançasse uma subscrição para angariação de fundos destinados à compra de unidades para a nossa desprovida marinha de guerra. A canhoneira «Pátria» foi um dos navios adquiridos com esses dinheiros. Foi construída no Arsenal da Marinha (Lisboa) e aumentada aos efectivos dos navios da Armada em 27 de Dezembro de 1903. Mesmo no âmbito das nossa marinha militar era um navio modesto. Deslocava 636 toneladas e media 60 metros de comprimento fora a fora por 8,40 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por duas máquinas de tripla expansão, que desenvolviam uns 1900 cv e que imprimiam ao navio a velocidade máxima de 16,7 nós. A «Pátria» dispunha do seguinte armamento : 4 peças de artilharia de 100 mm, 2 de 47 mm, 2 de 37 mm e 1 metralhadora de 6,5 mm. A sua gurnição era constituída por 7 oficiais, 16 sargentos e 65 praças, num total de 88 homens. Pertencente à Divisão Naval do Atlântico Sul, esta canhoneira esteve numa primeira missão em Luanda (1905), seguindo depois em viagem de cortesia para o Brasil. Regressou a Lisboa em 1906, onde iniciou ‘grandes fabricos’. Ainda esteve em Málaga e no arquipélago dos Açores, antes de ser destacada para o Extremo-Oriente, de onde nunca mais voltou. Prestou serviço em águas territoriais de Macau, distinguindo-se em missões de soberania e na luta contra os piratas da ilha de Coloane (1910). Em 1911 partiu para Timor, onde participou vitoriosamente, ao lado de outras unidades da nossa armada colonial, nas operações que levaram à derrota dos sublevados do Manufai. Durante a guerra civil chinesa, iniciada em 1924, a «Pátria» participou em missões de apoio às missões católicas instaladas nas margens do rio do Oeste e no delta de Cantão e, também, às comunidades portuguesas residentes nas costas do sul da China. Até Março de 1931, data em que foi abatida dos efectivos da Armada, a canhoneira ainda teve tempo de cumprir missões de defesa do território macaense, missões diplomáticas (nomeadamente aquando de uma visita ao Japão, em 1922, com escalas nos portos de Nagasaki e de Kobé) e diversas missões humanitárias. Finalmente, foi cedida à marinha de guerra da China, na qual serviu com o nome de «Fu-Yu».

1 comentário:

  1. Se alguém tiver mais informação sobre as viagens realizadas pela Pátria gostaria que contactassem. Sou neto de um sargento da marinha queres essas viagens. Cotovelo@hotmail.com

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