quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

«BELEM»


Veleiro francês de três mastros, construído pelo estaleiro Dubigeon, de Nantes, no ano de 1896. É o mais antigo navio europeu do seu tipo ainda em estado de navegar. Arma em barca e pode arvorar panos com uma superfície da ordem dos 1 200 m2. Desloca 750 toneladas e mede 58 metros de comprimento fora a fora por 8,80 metros de boca. Foi concebido como cargueiro, para operar -por conta da companhia armadora Denis Crouan et Fils- no comércio do cacau com o Brasil. Daí o seu nome. Fez 33 viagens transatlânticas de ida e volta à América do Sul e às Antilhas até 1914, ano em que foi considerado obsoleto pelo seu proprietário e retirado do activo. Consta, no seu historial, que, em 1902, aquando de uma viagem à Martinica, o «Belem» foi impedido de entrar no porto de Saint Pierre por falta de espaço, vendo-se obrigado a ir fundear relativamente longe desse local. Incidente que o salvou dos efeitos devastadores provocados pela explosão da montanha Pelée; que causou horrível mortandade e destruiu todos os navios presentes em Saint Pierre. O «Belem» recolheu, aliás, um dos três sobreviventes dessa catástrofe sem precedentes na história da ilha.
O navio foi comprado em Fevereiro de 1914 pelo duque de Westminster, que o transformou em iate de luxo. Foi este seu proprietário que o dotou com 2 máquinas auxiliares de 250 cv. Em 1921 passou a ser propriedade do multimilionário Arthur E. Guiness (o rei da cerveja), que lhe deu o nome de «Fantôme II» e o utilizou em longas viagens, de entre as quais se deve evocar uma volta ao mundo, via canais de Suez e Panamá. Depois da morte de ‘sir’ Arthur, o navio esteve refugiado na ilha de Wight, onde sofreu algumas avarias durante a 2ª Guerra Mundial. Vendido, em 1952, à Fundação Cini, o «Belem» rumou a Veneza. Em 1972, o venerável navio foi vendido (por 1 Lira simbólica) ao corpo de ‘Carabinieri’, que o utilizou, durante um tempo, como navio-escola. Sete anos mais tarde, o navio foi comprado pela associação (francesa) ASCANF, graças ao apoio financeiro de um grande banco estatal. Em 1980 foi cedido à Fundação Belém, que organizou um peditório nacional, a fim de poder dispor de fundos para reabilitar o navio. Que, hoje, apresenta o seu aspecto original e dispõe do estatuto oficial de ‘monumento histórico’. Participou em várias e grandes manifestações nacionais e internacionais, tais como a organizada pelo 1º aniversário da Estátua da Liberdade (Nova Oorque, 1986), concentrações de grandes veleiros (Rouen, Brest, etc), a comemoração dos 400 anos da viagem de Samuel de Champlain (Quebeque, 2008) e outras mais. Tendo como porto de abrigo o da cidade de Nantes (onde foi construído há mais de um século) o «Belem» viaja, também, com grupos de jovens desejosos de descobrir as técnicas e o ambiente da navegação de outrora. O navio tem uma tripulação permanente de 16 homens e pode receber até 48 jovens estagiários.

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