terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

«SANTA IRENE»


Navio mercante de bandeira portuguesa, o «Santa Irene» foi construído nos Países Baixos em 1921 pelo estaleiro Pikkers, de Martenshoeck. Teve vários nomes e nacionalidades, antes de ser adquirido (em 1928) pela Companhia Veleira, de Lisboa, que o denominou «Santa Iria»; empresa que, dois anos mais tarde, o cedeu à Companhia Industrial Portuguesa, também ela sedeada na capital, que lhe deu o seu derradeiro nome. O «Santa Irene» era um modesto navio a vapor, que apresentava 520 toneladas de arqueação bruta e media 54 metros de comprimento por 7,50 metros de boca. A sua máquina de 325 cv proporcionava-lhe uma velocidade máxima de 8 nós. O «Santa Irene» fazia navegação de cabotagem ao longo das costas atlântica e mediterrânica. Em 1943, ano da sua dramática perda, o pequeno e já antiquado cargueiro tinha pintado em ambos os lados do seu casco negro, perfeitamente visíveis, o seu designativo, o nome do seu país de origem e duas bandeiras portuguesas, que o identificavam como pertencente a uma nação neutra. Apesar disso, o «Santa Irene» (que havia descarregado, no porto de Génova, uma encomenda de trigo destinada à Suíça, outro país neutral) foi interceptado -já na sua viagem de regresso a Portugal, entre as ilhas de Elba e da Córsega- pelo submarino britânico HMS «Taurus»; que, por razões inexplicáveis, o afundou com vários tiros de canhão. Este acto cobarde, ocorrido em data de 13 de Abril do acima referido ano de 1943, causou a morte de 15 dos 16 tripulantes do mercante português. Todos eles naturais de Ílhavo, que deixaram na sua terra natal muitas viúvas e numerosos filhos entregues à miséria. Esta atroz acção de guerra contra um navio neutro (e historicamente amigo), foi agravada pelo facto do submersível da ‘royal navy’ não ter prestado (após ter constatado o seu erro ?) o mínimo auxílio aos homens do «Santa Irene».

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