domingo, 20 de março de 2011

«SAINT-SIMON»


Bacalhoeiro francês, de Fécamp, construído em 1899/1900 pelo estaleiro Tranchemer, de La Richardais, nas proximidades de Saint Malo. Fora encomendado pelo armador Simon Duhamel, para o qual fez cinco campanhas de pesca nos grandes bancos da Terra Nova. Fez dez outras viagens de trabalho às mesmas paragens para o consórcio Duhamel & Monnier. Esteve inactivo enquanto decorreu a Grande Guerra, devido à actividade mortífera dos submarinos do ‘kaiser’. Durante o conflito, foi vendido ao conde de Léché, que o armou para a navegação de cabotagem. Mas essa situação foi de curta duração, já que, a partir de 1920, o navio (agora propriedade do armador Charles Prentout & Compagnie) voltou à chamada faina maior nos mares frígidos do Canadá.. Esteve em Portugal por várias vezes, onde carregou sal; sal considerado de melhor qualidade para a conservação do pescado do que aquele produzido pelas marinhas francesas. Foi no decorrer de uma viagem a Sevilha, que o «Saint-Simon» afrontou -a 4 de Abril de 1926- uma tempestade extremamente violenta, que lhe causou avarias e o obrigou a demandar Cherburgo, onde foi reparado. No regresso da Andaluzia, onde o veleiro embarcara um pleno carregamento de sal, o navio fez-se à vela para Fécamp. Assaltado por nova e terrível tempestade no mar da Mancha, o navio viu-se impossibilitado de entrar no porto de destino e, também, nos portos de Dungueness (Inglaterra), de Dieppe e de Saint Valéry-en-Caux, onde tentou abrigar-se. A meio do dia 11 de Outubro de 1926, sempre açoitado por ventos violentos e por um mar intratável, o navio foi considerado em perdição. A equipagem (12 homens) do «Saint-Simon» recebeu ordem para abandonar o navio nos doris de serviço, enquanto o capitão deitava fogo ao bacalhoeiro, que, desamparado, podia representar um grave perigo para a navegação. Alertado pelo incêndio que, pouco a pouco, consumia o veleiro, o «Rocco», um barco de pesca de Dieppe, dirigiu-se para o local onde ocorrera o incidente (situado a 9 milhas do seu porto de registo), e pôde salvar toda a tripulação do «Saint-Simon». O navio, um lugre-patacho com casco de madeira e com 392 toneladas de arqueação bruta, media 42 metros de comprimento por 9 metros de boca. Os seus restos foram descobertos e identificados em 2004, graças à sineta de bordo; que foi recuperada e que está hoje exposta no museu que, em Fécamp, é consagrado aos pescadores de bacalhau e respectiva faina.

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