segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

«GIL EANNES»


Depois do abate do navio-hospital seu homónimo, os pescadores portugueses de pesca longínqua ficaram sem apoio sanitário nos perigosos mares da Terra Nova e da Groenlândia. De modo que foi necessário construir de raiz uma unidade que substituísse o ex-«Lahneck», que, depois do seu apresamento no porto de Lisboa, em 1916, recebera o nome do notável navegador henriquino que havia vencido o cabo Bojador no longínquo ano de 1434. O novo hospital flutuante foi encomendado aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que o lançaram ao mar no ano de 1955. O moderno «Gil Eannes» desloca 4 854 toneladas e mede 98,45 metros de comprimento por 13,70 metros de boca. Navegava com 2 máquinas desenvolvendo globalmente 2 800 bhp, que lhe permitiam alcançar a velocidade de cruzeiro de 12,5 nós. O navio desempenhou a sua missão humanitária junto da nossa frota bacalhoeira até 1963, assumindo posteriormente tarefas paralelas como as de navio-frigorífico, rebocador de alto mar, quebra-gelos, navio-correio e de abastecimento de víveres, de combustível, de água potável, de material de pesca, de isco, etc. Em 1973 efectuou a sua derradeira missão nos Grandes Bancos da Terra Nova, realizando nesse mesmo ano uma viagem de índole diplomática ao Brasil. Esteve inactivo (no porto de Lisboa) até 1977, ano em que foi vendido a um sucateiro para demolição. O «Gil Eannes» acabaria, no entanto, por ser resgatado pela comunidade de gente do mar (mas não só) vianense, que o adquiriu (por cerca de 250 000 euros) e salvou, assim, do camartelo. Recuperado no estaleiro que o havia construído, o navio -que pode ser visitado no cais do porto de Viana do Castelo, onde está atracado- é actualmente gerido pela Fundação Gil Eannes, que o transformou em museu e em Pousada da Juventude.

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