quarta-feira, 29 de agosto de 2012

«CARVALHO ARAÚJO»


Navio da Armada Portuguesa. Foi o antigo HMS «Jonquil», construído pelo estaleiro de Charles Connell & Cº, de Scotstoun, que o lançou à água no dia 12 de Maio de 1915. Pertenceu à classe ‘Flower’, subclasse ‘Acacia’. Adquirido pelo governo luso em 1920, recebeu, inicialmente, a classificação de cruzador. Qualificação algo megalómana, tratando-se, na verdade, de um navio com 900 toneladas de deslocamento standard, com menos de 80 metros de comprimento e modestamente armado. Baptizado «Carvalho Araújo», nome de um heróico oficial da Armada morto em combate durante a Grande Guerra, este navio era gémeo do «República» (ex-«Chrysantemum»), também ele proveniente dos ‘stocks’ britânicos. Reclassificado, em 1932, como aviso de 2ª classe, este navio teve, no seio da nossa marinha militar, uma vida bastante preenchida. Além de ter visitado os principais portos do continente e das ilhas adjacentes e de ter cumprido missões de soberania ao longo das nossas costas, este navio manifestou a sua presença em todas as colónias portuguesas espalhadas pelo mundo; mesmo as mais distantes. Duas das suas operações mais conhecidas estão ligadas à História de Portugal dos anos 20 e 30 do século passado : em 1922, deu apoio à epopeica viagem aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, aquando da sua travessia transatlântica, transportando -de Lisboa para a ilha Fernando de Noronha- o terceiro hidroavião Fairey (o «Santa Cruz»), que permitiu aos ilustres aviadores atingir a baía de Guanabara e o Rio de Janeiro; e, em 1931 -durante o doloroso episódio da Revolta da Madeira e dos Açores- o «Carvalho Araújo» participou na escolta do paquete «Pedro Gomes» (então convertido em transporte militar), que conduziu tropas governamentais àqueles arquipélagos para abafar a rebelião. Em 1937, o antigo «Jonquil» foi profundamente remodelado, parcialmente desarmado e reclassificado como navio-hidrográfico. Nessa sua nova condição, esteve activo até 1959, ano em que foi mandado abater do efectivo dos navios da Armada. Terminou o seu tempo em 1964, quando foi afundado -na baía de Luanda- pelos canhões da fragata «Diogo Gomes», durante um exercício de tiro. Características principais do navio : 1 190 toneladas (plena carga) de deslocamento; 78,90 metros de comprimento fora a fora; 9,90 metros de boca; 3,60 metros de calado; 1 máquina a vapor de tripla expansão com 2 242 cv de potência; 17,25 nós de velocidade máxima; armado (inicialmente) com 2 peças de 101 mm, 2 de 76 mm e mais 2 de 47 mm; 150 homens de guarnição. Nota final : a não confundir com o navio-hidrográfico do mesmo nome (que teve vida operacional na Armada Portuguesa entre 1959 e 1975) e que, depois, foi cedido à recém-criada marinha de guerra da República Popular de Angola.

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