quinta-feira, 27 de setembro de 2012

«DOM LUIZ»


Vapor da carreira Barreiro-Lisboa. Pertenceu à frota dos Caminhos-de-Ferro do Sul e Sueste, companhia que, durante muitos anos, deteve o monopólio das ligações fluviais entre aquela importante localidade da outra banda (onde se reiniciavam as viagens ferroviárias para o Alentejo e para o Algarve) e a capital portuguesa. Este navio de rodas laterais (a não confundir com um seu predecessor do mesmo nome) foi comprado em 2ª mão na Grã-Bretanha no início do século XX. Construído na cidade de Dundee (Escócia) no ano de 1900, pelo estaleiro naval Gourley and Brothers, chamou-se, primitivamente, «Lady North». Era uma embarcação com 195 toneladas de arqueação bruta, medindo 51,20 metros de comprimento fora a fora por 6,85 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão e com 2 hélices. Tinha capacidade para transportar 600 passageiros e era, ao que parece, o navio preferido pela família real portuguesa nas suas frequentes travessias do Tejo; que ocorriam quando ia para as suas terras do Alentejo ou quando estava de regresso à capital do Reino, em proveniência de Vila Viçosa. Este navio está, pois, intimamente ligado à tragédia do regicídio, que ocorreu à entrada da rua do Arsenal –no dia 1º de Fevereiro de 1908- pouco depois do desembarque dos assassinados : D. Carlos I e D. Luís Filipe de Bragança, príncipe herdeiro. Curiosidades : o molhe do Terreiro do Paço não se situava, nessa época, no local onde hoje se ergue a estação do Sul e Sueste; mas do outro lado da praça, diante da ala virada para o Tejo do edifício onde funciona o Ministério da Marinha. Este texto está ilustrado com uma imagem do terreiro do Paço de inícios do século passado, que mostra a antiga estação dos ‘barcos do Barreiro’ e um navio similar ao «Dom Luiz»; navio cujo destino final desconhecemos, mas que sabemos ter passado a denominar-se «Estremadura» depois da implantação da república.

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