sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

«COMANDANTE TENREIRO»


Navio-motor realizado em 1943 no estaleiro da Murraceira, na Figueira da Foz, por Benjamim Bolais Mónica, membro de uma ilustre família de construtores de navios. Destinado ao serviço da Lusitânia – Sociedade Portuguesa de Pesca, da mesma cidade da foz do Mondego, este bacalhoeiro tinha casco de madeira e um desenho que rompia com o dos lugres em uso na frota de pesca portuguesa. Este navio, de 2 mastros, apresentava 717,15 toneladas de arqueação bruta, media 51,50 metros de comprimento e foi dotado com 2 máquinas Sulzer de 535 cv, que lhe proporcionavam uma velocidade de cruzeiro de 10 nós. Estava equipado com luz eléctrica, frigorífico, TSF e outra aparelhagem ausente nos seus predecessores. Também tinha um castelo com espaço próprio para abrigar os dóris. Este pesqueiro teve um gémeo no navio «Bissaya Barreto», pertencente ao mesmo armador figueirense. O seu nome foi-lhe dado para homenagear Henrique Tenreiro, oficial da Armada e figura grada do salazarismo, que ocupou, entre outros, os cargos de delegado do governo junto do Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau e de dirigente da Junta Central das Casas de Pescadores. Tenreiro atingiu o posto de contra-almirante e exilou-se no Brasil (onde faleceu) em 1974, após o triunfo da revolução do 25 de Abril. Referentemente ao navio, diga-se que fez apenas duas campanhas de pesca no Atlântico norte, pois perdeu-se nos mares da Groenlândia no dia 20 de Junho de 1946, devido à sua colisão acidental com uma ilha de gelo. Toda a sua tripulação (constituída por várias dezenas de homens) pôde ser salva pela equipagem do já mencionado e idêntico navio-motor «Bissaya Barreto».

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