sábado, 20 de abril de 2013

«RAFFAELLO»»

///////////// Paquete construído pelos Cantieri Riuniti dell'Adriatico (Trieste) para a Italian Line. O «Raffaello» entrou em serviço no dia 10 de Julho de 1965, numa época em que a concorrência dos transportes aéreos ainda se encontrava no início de um processo, que, como é sabido, acabaria por desclassificar o uso de paquetes nas viagens de longo curso. Este bonito navio, gémeo do «Michelangelo», apresentava 45 933 toneladas de arqueação bruta e media 276,20 metros de comprimento por 30,10 metros de boca. O «Raffaello» foi o maior navio construído em Itália desde o «Rex» e o «Conte di Savoia», lançados à água no início dos anos 30 do passado século. Era, do ponto de vista técnico, um dos navios mais avançados do seu tempo, dispondo, por exemplo, de estabilizadores retactáveis e de duas chaminés antifuligem. A decoração interior do «Raffaello», obra dos arquitectos Michele Busiri e Giancarlo Vici, era em estilo 'Art Déco', o que muito impressionava os 1 775 passageiros que podiam viajar a bordo, nomeadamente os 535 da 1ª classe. A propulsão deste grande navio era assegurada por 4 turbinas a vapor Ansaldo, que lhe imprimiam uma velocidade de 26,5 nós. A tripulação do «Raffaello» era constituída por 725 membros. Colocado na linha da América do norte, este paquete foi o primeiro navio do seu género a oferecer uma pista de patinagem aos seus passageiros. A sua carreira decorreu sem incidentes, até Maio de 1970, quando colidiu, ao largo das costas do sul de Espanha, com um petroleiro norueguês. Não houve vítimas a lamentar e as avarias causadas por esse abalroamento acidental foram de pouca monta. Com a já referida concorrência dos aviões, a companhia armadora desviou o «Raffaello» para a actividade cruzeirista. Mas essa política não surtiu o efeito desejado, porque o navio não fora concebido para esse fim e as suas instalações (sobretudo os camarotes, que eram muito pequenos) não agradaram aos excursionistas visados. Em 1976, este navio (mái-lo seu gémeo) foi comprado pelo Irão -onde ainda reinava o xá- e transformado em quartel flutuante. Dois anos mais tarde surgiu um plano para o transformar em navio de cruzeiro e até foi escolhido o nome («Ciro, o Grande») com o qual o ex-«Raffaello» deveria navegar. Mas tanto a revolução dos aiatolás (em finais dos anos 70),  como a guerra irano-iraquiana (princípios da década seguinte) causaram ao navios prejuízos irreparáveis. Saqueado e atingido (em 1983) por um torpedo disparado por uma unidade inimiga, o navio afundou-se em águas rasas ao largo de Bushehr, no golfo Pérsico. Para acabar com as veleidades de um salvamento, convém dizer, ainda, que o paquete foi ali, finalmente, abalroado por um cargueiro de bandeira iraniana. Que o prostrou definitivamente.

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