quarta-feira, 11 de setembro de 2013

«SAN ANTONIO»

Nau espanhola do século XVI. Era já um navio usado, quando foi adquirido (e restaurado) para integrar a frota com a qual Fernão de Magalhães iria empreender a primeira viagem de circum-navegação da Terra. Sabe-se que era uma nau de 120 toneladas (a maior da armada, com uma guarnição de 55 homens), mas ignoram-se os seus outros dados físicos : comprimento, boca, calado, etc. À partida de San Lucar -no dia 20 de Setembro de 1519- este navio era comandado por Juan de Cartagena (que cumulava esse cargo com o de vedor da armada), um homem arrogante que viria a revelar-se acérrimo inimigo de Magalhães. O piloto da «San Antonio» era Andrés de San Martin, que morreria ao lado do 'capitán-general' na trágica ocorrência de Cebu. Já do outro lado do Atlântico, após a rebelião, destituição, prisão, julgamento e desgraça de Cartagena, o comando deste navio foi confiado, por Magalhães, a Antonio de Coca, um capitão espanhol. Mas, pouco tempo depois, quando a descoberta da passagem para o Pacífico já estava praticamente consumada e quando a nau «San Antonio» já se encontrava sob as ordens de Álvaro de Mesquita -que tinha como piloto um outro português de nome Estêvão Gomes, mais um inimigo jurado de Magalhães- este navio desertou da frota e rumou a Sevilha. Onde aportou, sem glória, no dia 6 de Maio de 1521. Sabe-se, hoje, que Mesquita se mantivera fiel ao ´capitán-general'), mas que o seu posto foi usurpado por Gomes, que o colocou a ferros no porão e tomou o controlo da nau. Depois dessa data, perde-se o rasto deste navio, que não deixou outras memórias. Parece que, tal como as restantes naus de Fernão de Magalhães, a «San Antonio» foi comprada com ouro do negociante Cristóvão de Haro, que terá sido (com o rico bispo de Burgos) um dos principais financiadores da histórica expedição. Isto, numa altura em que o jovem rei Carlos I (futuro imperador Carlos V) ainda não tinha dinheiro para mandar cantar um cego. Contrariamente ao seu vizinho e parente, o todo poderoso rei de Portugal -D. Manuel I- que era, nesse tempo, o monarca mais rico da Europa. Nota : o desenho que ilustra este texto é da autoria de Hergé e pretende representar um dos navios de Magalhães; mas não forçosamente o «San Antonio».

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