domingo, 30 de novembro de 2014

GANGUT»

Navio de defesa costeira pertencente à marinha imperial russa. De pequenas dimensões mas fortemente armado, certos peritos viram nele uma versão reduzida dos couraçados da classe 'Imperator Alexksandr II'. Vocacionado para operar em águas rasas, o «Gangut» saiu do arsenal do Almirantado (São Petersburgo) em 1893 e integrou os efectivos da armada do czar no ano seguinte. Deslocava 7 142 toneladas e media 84,70 metros de longitude por 18,90 metros de boca. Os seus propulsores, acoplados a 2 hélices, desenvolviam uma potência de 6 000 hp; força que lhe permitia vogar a uma velocidade máxima de 13,5 nós e dispor de um raio de acção de 2 000 milhas náuticas. Do seu armamento principal constavam 1 canhão de 305 mm, 4 de 229 mm, 4, de 152 mm, várias peças de menor calibre e 6 tubos lança-torpedos de 380 mm. Estava insuficientemente couraçado, devido à forte concentração de bocas de fogo que carregava. O «Gangut» tinha uma guarnição de 521 homens. Afundou-se no dia 12 de Junho de 1897 -com apenas 4 anos de uso operacional- no golfo da Finlândia (perto de Vyborg), durante manobras militares. Não houve mortos a lamentar. Os navios deste tipo não eram populares entre os marinheiros russos. Um dos antigos capitães do «Gangut» disse dele, depois de ter tido conhecimento do naufrágio : «Era um vil navio. Ainda bem que foi ao fundo. Espero que ninguém tente reemergi-lo». Curiosidade : o nome deste navio de defesa costeira faz referência à batalha naval de Gangut, travada -entre os dias 27 de Julho e 7 de Agosto de 1714- pelas frotas da Rússia e da Suécia, durante a chamada Grande Guerra do Norte. E da qual os marinheiros russos saíram vitoriosos.

«IMPERIAL MARINHEIRO»

Este navio fez parte da armada imperial brasileira entre 1884 e 1887. Foi construído no estaleiro naval da Ponta da Areia, Niterói, que o lançou ao mar no dia 20 de Junho de 1883. O primeiro comandante deste cruzador de propulsão mista (velas/vapor) foi o capitão-tenente José Bitor de Lamare. A notabilidade deste navio adveio-lhe do facto de ter protagonizado um dramático naufrágio -no qual se perdeu- perto da embocadura do rio Doce (junto à vila de Regência, na então província do Espírito Santo), na madrugada de 7 de Setembro de 1887; quando já se encontrava sob o mando de um outro oficial : o capitão-tenente João Carlos da Fonseca Pereira Pinto. O «Imperial Marinheiro», que partira da sua base do Rio de Janeiro dois dias antes, numa missão de carácter hidrográfico (que consistia em sondar o banco Marajó, em Abrolhos), encalhou devido ao mau tempo. Um escaler com uma equipa de 12 homens foi mandada a terra procurar socorro, mas a sua pequena embarcação estilhaçou-se e sofreu um morto. Os restantes marinheiros conseguiram juntar uma equipa de resgate, que logrou salvar (em condições muito difíceis) 128 membros da guarnição do cruzador. Feito o balanço da tragédia, foram contabilizados 14 mortos : 12 marinheiros, 1 oficial e um guarda-marinha. O «Imperial Marinheiro», que tinha casco em madeira, era uma galera de 3 mastros. Deslocava 726 toneladas e media 62,12 metros de comprimento por 8,24 metros de boca. O seu calado era de 3,40 metros. Além do seu aparelho vélico, este navio dispunha de 1 máquina a vapor de tríplice expansão, desenvolvendo uma força de 750 hp. A sua velocidade máxima era de 11 nós. Estava armado com 7 canhões e com 4 metralhadoras. Curiosidade : uma moderna corveta da armada do Brasil usou, igualmente, o nome de «Imperial Marinheiro».

«NURNBERG»

Cruzador ligeiro da marinha de guerra hitleriana. Foi um dos dois navios da classe 'Leipzig', diferindo, no entanto, do seu predecessor pelo armamento e por outros detalhes de importância secundária. O «Nurnberg» foi construído, em 1934, nos arsenais (Deutsche Werke) de Kiel. Deslocava 8 980 toneladas em plena carga e media 181,30 metros de comprimento por 16,40 metros de boca. O «Nurnberg» estava razoavelmente blindado para um navio da sua categoria (102 mm nos sítios mais vulneráveis) e dispunha do armamento seguinte : 9 canhões de 150 mm, 8 outros de 88 mm, 8 de 37 mm, 8 de 20 mm, 12 tubos lança-torpedos de 533 mm e 2 hidros. O seu sistema propulsivo -que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 32 nós e que lhe facultava um raio de acção de 5 700 milhas náuticas- desenvolvia uma potência de 66 000 cv. A sua guarnição era formada por 896 homens, incluindo o corpo de oficiais. O «Nurnberg» esteve implicado em patrulhas de observação durante a Guerra Civil de Espanha e, mais tarde, durante o segundo conflito generalizado, em várias campanhas no Báltico e nas águas costeiras norueguesas; mas nunca participou activamente nos combates travados contra as armadas aliadas. Este navio sobreviveu ao conflito e, em 1946, foi entregue à União Soviética no quadro das compensações de guerra. Ali tomou o nome de «Admiral Makarov» e foi integrado na 8ª frota, baseada em Tallin. Parece ter tido uso operacional até finais da década de 50 (do século passado) e ter sido desmantelado em inícios dos anos 60.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

«HARVARD»

Paquete costeiro de bandeira norte-americana. Foi construído em 1907 pelo estaleiro Delaware River Iron Shibuilding & Engine Works, de Chester (Pensilvânia), para a Metropolitan Steamship Cº, que o colocou na linha de passageiros estabelecida entre as cidades de Boston e de Nova Iorque. Na qual permaneceu até 1918, ano em que foi mobilizado pela U.S.Navy, para assegurar a evacuação de soldados aliados que combateram na frente europeia. Antes dessa sua aventura militar, este navio sofreu trabalhos de transformação num estaleiro da Califórnia, de onde navegou para o Atlântico -via canal de Panamá- já com o nome de USS «Charles». Depois de ter cumprido a sua missão, o navio recebeu, uma vez mais, o nome primitivo de «Harvard» e, após negócio, foi vendido, em 1920, à companhia Lassco (sedeada em L. A.), para assegurar, com o «Yale», seu 'sister ship', a carreira costeira regular San Francisco-Los Angeles-San Diego. Considerado, pelos jornais locais, como um verdadeiro palácio flutuante, o «Harvard» terminou a sua vida activa da pior forma, ao naufragar -na noite de 30 para 31 30 de Maio de 1931- em Point Arguello, na costa californiana. O naufrágio ficou a dever-se a um encalhe, que ocorreu devido a densa neblina. Como o mar estava calmo, não houve mortes a lamentar entre os quase 500 passageiros que, na ocasião, se encontravam a bordo. Este navio tinha uma arqueação bruta de 3 731 toneladas e media 114,60 metros de longitude por 18,60 metros de boca. As suas máquinas a vapor proporcionavam-lhe uma velocidade máxima de 21,5 nós.

domingo, 23 de novembro de 2014

«ISLÂNDIA»

Pouca coisa se sabe deste lugre antes da sua reconstrução em 1940 por mestre Manuel Maria Bolais Mónica, nos estaleiros da Gafanha da Nazaré. Este navio, que na sua fase final apresentava 222,30 toneladas de arqueação bruta e que media 37,75 metros de comprimento por 7,96 metros de boca, foi realizado em 1916 pelos estaleiros navais da firma W. C. McKay & Son, de Shelburn, na Nova Escócia (Canadá); sendo o seu primeiro proprietário um armador local. Foi-lhe dado o primitivo nome de «Edith M. Cavell», que usou até 1930, ano em que o dito designativo passou a ser (segundo registo da capitania do Porto) o de «Rosita». O navio -um bonito lugre com casco em madeira e 3 mastros- pertencia então ao ilhavense  Cupérnico Conceição da Rocha. Depois disso, em data indeterminada da década de 30 e já com o seu nome definitivo de «Islândia», passou sucessivamente pelas mãos da Sociedade dos Armadores do Porto (da Invicta) e, em 1939, da Santos Mónica & Lau, de Aveiro. Que o utilizaram em campanhas de pesca longínqua, mas também e em alternância, no tráfego mercantil entre os portos portugueses e destinos no Mediterrâneo e no golfo de Biscaia. O seu fim chegou no dia 14 de Março de 1945 (a dois escassos meses de terminarem, na Europa, os combates da 2ª Guerra Mundial), por encalhe na costa norte de Espanha. Os seus 10 tripulantes foram (sem excepção) salvos pelo recurso aos botes de bordo. Nesta derradeira fase da sua vida activa, o «Islândia» já estava equipado com 1 pequeno motor auxiliar de 130 bhp.

«ROEBUCK»

Pequeno vaso de guerra britânico, construído pelos estaleiros Snellgrove, em Wapping, perto de Londres.  Era um navio de 292 toneladas, que media 29 metros de comprimento por 7,77 metros de boca. Tinha (como era natural na sua época) casco em madeira e arvorava 3 mastros, que vestiam, essencialmente, pano redondo. O «Roebuck» -que foi lançado à água no dia 17 de Abril de 1690- estava armado com 26 canhões e participou na primeira batalha naval de Beachy Head (travada a 10 de Julho de 1690), vencida pela marinha francesa; que lhe chama batalha do Cabo Béveziers. A relativa celebridade do «Roebuck» advém-lhe do facto de ter sido colocado -no ano de 1698- sob o comando de William Dampier, pirata arrependido e com bons conhecimentos de geografia, de navegação e de outras ciências. Conhecimentos (que o reabilitaram) e que foram corroborados pela elite científica inglesa depois da publicação do livro «A Nova Viagem à Volta do Mundo». Durante essa viagem de circum-navegação (uma das primeiras empreendida por um navegador britânico depois de Francis Drake), Dampier visitou as Índias Orientais e a Austrália, onde estudou (e recolheu amostras) de plantas e de fósseis desconhecidos na Europa. O «Roebuck» naufragou junto à ilha de Ascensão -em 1701- mas Dampier pôde salvar-se a si e parte das suas colecções e voltar à Inglaterra; onde foi julgado, por factos ligados ao conflito que manteve com um dos seus oficiais, que ele pôs a ferros. Mas acabou por ser perdoado. Os restos do navio em apreço -que foi o primeiro da 'Royal Navy' a visitar a Terra Australis- foram recentemente descoberta por arqueólogos marinhos e alguns artefactos recuperados do navio.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

«FLORIDA»

Paquete francês que navegou com as cores da casa armadora Société Générale des Transports Maritimes. Foi construído no estaleiro de Saint Nazaire em 1926. Com 147,60 metros de comprimento por 17,75 metros de boca, o «Florida» apresentava uma arqueação bruta de 9 331 toneladas. A sua (triste) celebridade adveio-lhe do facto de ter sido violentamente abalroado -no dia 2 de Abril de 1931- pelo porta-aviões «Glorious» da 'Royal Navy', quando navegava ao largo de Gibraltar, com 450 viajantes provenientes de Buenos Aires e com destino a Marselha. O «Glorious» e outros vasos de guerra britânicos encontravam-se em manobras de rotina naquela zona do Mediterrâneo ocidental, sobre a qual se abateu bruscamente (na referida data e antes da ocorrência) uma espessa neblina. Lançado a uma velocidade próxima dos 30 nós, o porta-aeronaves chocou violentamente com o paquete da S.G.T.M., abrindo-lhe um rombo no casco com 15 metros de longo. A pedido do comandante do navio mercante, o capitão do «Glorious» manteve-o encastrado no «Florida» durante 2 horas, de modo a manter o mercante à tona de água, enquanto duraram as manobras de salvamento dos respectivos passageiros. Terminada a evacuação do paquete e depois do desencastramento do porta-aviões, o «Florida» pôde manter-se à superfície e foi rebocado para porto seguro (Málaga) por dois contratorpedeiros ingleses. Feito o balanço final dos desgastes causados e a contagem das vítimas, contaram-se avarias importantes no navio abalroado, 32 mortos a bordo, assim com grande número (cerca de 50) de feridos. No «Glorious» houve apenas, e apesar da violência do choque, 1 morto a lamentar.  Depois de morosos trabalhos de recuperação, o «Florida» voltou ao serviço activo. Encontrava-se no porto de Bougie (Argélia) no dia 13 de Novembro de 1942, quando foi alvo de um bombardeamento aéreo e ali se afundou. Reemergido em Maio de 1944, este navio foi rebocado até aos estaleiros de La Seyne-sur-Mer, onde foi recuperado. Retomou as suas andanças sob pavilhão gaulês em 1946, até que, em 1955, foi vendido para Itália e integrado (depois de grandes trabalhos de modernização) na frota da companhia Grimaldi-Siosa com o nome de «Ascânia». Que é necessário não confundir com outros navios com o mesmo denominativo. Foi colocado numa linha que ligou a Europa às Antilhas e portos setentrionais da América do Sul, para onde transportou (até 1968, ano em que foi enviado para a sucata) muitos emigrantes. Nomeadamente portugueses e galegos, visto essa linha escalar Lisboa e Vigo.

«SEWOL»

'Ferry' que hasteou bandeira sul-coreana até 16 de Abril de 2014, data em que naufragou, quando navegava entre o porto de Incheon e a ilha de Jeju. No soçobro deste navio morreram mais de 300 passageiros (na sua maioria jovens, estudantes do ensino secundário), o que fez do «Sewol» o protagonista de um dos desastres mais dramáticos da História recente da Coreia. Este navio -primitivamente chamado «Naminoue»- que foi construído no Japão em 1994 (pelo estaleiro Hayashikane, de Nagasaqui), pertencia à companhia Chonghaejin Marine sedeada em Incheon, Coreia do Sul, que o adquiriu em 2012; e que o modificou, para permitir o embarque de um maior número de passageiros e, assim, poder multiplicar os benefícios comerciais da empresa. Disseram alguns peritos na matéria, que esses trabalhos poderão estar na origem do desequilíbrio do «Sewol», que virou antes de se afundar. As suas principais características e valências eram as seguintes : 6 835 toneladas de arqueação bruta; 145,61 metros de comprimento por 22 metros de boca; velocidade máxima de 21,5 nós (permitida por um sistema propulsivo com uma potência instalada de 15 974 hp); capacidade para 921 passageiros, 88 carros de turismo e 60 veículos comerciais de 8 toneladas. A perda deste navio coreano e a morte de tanta gente deu origem a um processo nos tribunais competentes, que terminou, há poucos dias, com a condenação do seu capitão a 36 anos de prisão. Pelo facto comprovado de ter, entre os outros erros que cometeu, abandonado o navio e os náufragos à sua sorte. Referiu, também, a imprensa local e internacional que a equipagem do «Sewol» foi pouco profissional e que não correspondeu às espectativas que se esperavam dela em tais circunstâncias.

«LA GUIENNE»

Navio misto (vela/vapor) de bandeira francesa. Foi lançado à água em Outubro de 1859 pelos estaleiros navais de La Ciotat. Era inicialmente movido por rodas laterais de pás; que seriam suprimidas e substituídas por 1 hélice aquando de uma modernização radical do navio realizada em 1872. Inicialmente, apresentava-se como um navio de 2 132 toneladas de arqueação bruta, medindo 101,70 metros de longitude por 11,63 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor desenvolvendo uma potência de 500 cv e por velas (redondas e latinas) que vestiam os seus 2 mastros. A sua velocidade de cruzeiro era da ordem dos 10 nós. Este belo navio tinha -no seio da sua companhia armadora, Les Messageries Impériales- três gémeos : o «Béarn», o «Estremadure» e o «Navarre». O navio em apreço foi construído para assegurar uma linha regular que o seu proprietário assegurava entre Bordéus e o Rio de Janeiro; que, nos primeiros tempos, era directa e que, posteriormente, passou a fazer escala em Dacar, na costa ocidental de África. Especializado no transporte de passageiros/carga diversa e postal, o «La Guienne» (baptizado «Gambie» em 1872, após as já referidas modificações) foi um desses emblemáticos transatlânticos que asseguraram a transição -nos primeiros tempos da era industrial- entre a navegação à vela e a navegação a vapor. O ex-«La Guienne» (que na sua versão original podia receber a bordo 174 passageiros, distribuídos por três classes distintas) perdeu-se por encalhe na costa norte do Brasil (perto de São Salvador da Baía) no dia 1 de Agosto de 1873.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

«CHAMPOLLION»


Paquete francês pertencente à frota da Compagnie des Messageries Maritimes. Foi lançado ao mar pelos estaleiros navais de La Ciotat no dia 16 de Março de 1924 e sofreu, por duas vezes (em 1934 e 1951), grandes trabalhos de modernização; que descaracterizaram as suas linhas primitivas. Na sua derradeira versão, o «Champollion» apresentava (apesar dos seus 26 anos de idade) uma silhueta moderna, elegante. Este navio deslocava, então, 15 265 toneladas e media 168,05 metros de comprimento por 19,17 metros de boca. Após as suas últimas alterações, as máquinas deste navio passaram a proporcionar-lhe uma potência de 14 600 cv, que lhe garantiam uma velocidade de cruzeiro próxima dos 20 nós. O «Champollion» foi concebido para a navegação no Mediterrâneo e para assegurar ligações entre Marseilha, Alexandria e Beirute. Durante a 2ª Guerra Mundial, serviu como transporte de tropas e cumpriu várias missões por ordem das autoridades de Vichy, até que, em Novembro de 1942, foi capturado no porto de Argel pelos Aliados; para os quais o navio em apreço também fez viagens de transporte militar até 1946; ano em foi restituído aos seus legítimos proprietários civis. Ainda em 1946, notabilizou-se por ter levado para a Palestina emigrantes judeus (entre os quais se contavam 700 crianças) que sobreviveram ao martírio infligido nos campos de concentração nazis. Mas as suas missões para o exército prosseguiram (até 1951), pois ainda foi utilizado no transporte de tropas para a Indochina, norte de África e Madagáscar. Voltou definitivamente, em 1952, à vida civil após um longo período passado no estaleiro e retomou as suas ligações com o Levante. No dia 22 de Dezembro desse ano -quando cumpria um dos chamados 'Cruzeiros de Natal' promovidos pelo seu armador- este renovado paquete foi encastrar-se (por volta das 4 horas da manhã, quando demandava Beirute) nuns recifes situados não muito longe do porto de destino. O desastre teve duas causas distintas : a primeira ficou a dever-se a uma tremenda tempestade (com ventos de força 8 e invisibilidade completa); a segunda, ao facto da sua equipagem ter tomado os sinais emitidos pelo farol construído junto ao novo aeroporto da capital do Líbano (ainda desconhecido dos oficiais do «Champollion») pelas luzes daquele que auxiliava as embarcações que rumavam a Beirute. Quebrado em dois, o paquete francês não pôde ser auxiliado (devido às condições do tempo) nem pelos navios, que acorreram ao local depois de lançado o primeiro SOS, nem pelos meios reunidos em terra a escassas centenas de metros do navio. Só uma embarcação ligeira dos pilotos da barra (tripulada por alguns homens intrépidos) logrou aproximar-se do paquete em perdição e salvar alguns dos náufragos do «Champollion». Outros náufragos tentaram a sua sorte lançando-se ao mar para tentarem alcançar terra. E, por impossível que pareça, pereceram 'apenas', neste aparatoso acidente, 14 das pessoas que viajavam a bordo. Que eram, para além da tripulação (mais de 200 membros) 111 passageiros; entre os quais figuravam 98 peregrinos a caminho da Terra Santa. No tribunal marítimo que julgou o capitão do paquete francês (que, como determinam as leis do mar, foi o último homem a abandonar o navio), este foi ilibado de qualquer responsabilidade; por não ter cometido erros de navegação ou actos reprováveis aquando das operações de salvamento. Curiosidade : a foto anexada a este texto mostra o «Champollion» pouco tempo antes do desastre que o perdeu.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

BREMEN (COG DITO DE)

O cog era um tipo de navio mercante da Idade Média, com raízes no século X. Foi usado, essencialmente, nos mares e rios do norte da Europa, nomeadamente pela poderosa Liga Hanseática; que, durante algumas centúrias dominou o comércio no Báltico, mas não só. O chamado cog  de Bremen data (segundo os peritos) de 1380 e os seus restos foram encontrados -em 1962- no fundo do rio Weser, junto a esse porto alemão. Estimou-se que esta embarcação medieva devia deslocar 90 toneladas (ou 120 toneladas, segundo outros especialistas) e que as suas dimensões eram as seguintes : 23,27 metros de longitude por 7,62 metros de boca. São essas, aliás, as medidas da nave reconstituída com as peças originais reemergidas, que está exposta (num espaço que lhe é próprio) no Museu Marítimo Alemão. O cog de Bremen foi construído com madeira de carvalho e as fendas entre pranchas calafetadas com musgo. Arvorava um único mastro, que vestia uma vela quadrangular de pendão. Pensa-se que este género de embarcação, foi substituindo, pouco a pouco, os navios Viquingues e as técnicas particulares da construção naval nórdica. Outros navios deste tipo têm sido encontrados (e preservados) noutros lugares do norte do continente. Um cópia do cog em apreço foi construída (à escala 1/1) na Alemanha, onde é conhecido pelo nome de «Edmond von Bremen». Esta réplica navega e participa, frequentemente, em eventos ligados à História local.