sexta-feira, 19 de agosto de 2016

«ALCOCHETE»


O «Alcochete» -que durante décadas a fio assegurou a ligação, por via fluvial, entre a terra que lhe deu o nome (a mais distante das 'outras bandas') e Lisboa- foi comprado na Alemanha no início do século passado, onde navegara com o primitivo nome de «Arnau». Esse pequeno navio a vapor (com 73 toneladas de arqueação bruta e com 31,30 metros de comprimento) foi construído, em 1901, num estaleiro de Koenigsberg (hoje em território russo) para utilização da marinha imperial germânica. Chegado a Portugal (em 1902), o navio foi modificado na Doca Sampaio, de Cacilhas, para poder transportar passageiros. O seu armador foi a recém-fundada Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial, cuja sede fora fixada na capital. Durante muito tempo, fez apenas um percurso de ida e volta, viagens demoradas (apesar da distância de escassos 16 km que separa o centro das duas localidades), devido ao regime de marés e às dificuldades de navegação na chamada cala de Alcochete; que se caracterizava pelas suas águas muito baixas e lodosas. Deveras apreciado pela população da vila da borda d'água, este navio foi carinhosamente alcunhado o 'Menino', tornando-se um ícone local. Disse-se dele (refira-se isto a título anedótico), que ganhou muitos passageiros com os 'pacientes' do famoso bruxo Joãozinho de Alcochete, que tinha numerosa clientela na capital. Sofreu pesado restauro em 1948, ano que coincidiu com uma limpeza da supracitada cala, o que permitiu um acréscimo do número de carreiras. O «Alcochete» sobreviveu (ao que parece, pois a informação sobre este navio é pouca e, por vezes, contraditória) até finais da década de 50 do passado século.

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